Literatura e materialismo cultural: uma proposta de análise

Literatura e Materialismo Cultural – Uma proposta de Análise

Resumo: Neste artigo, propomos uma discussão sobre o lugar da literatura na construção do conhecimento.
Tendo em mente o pressuposto de que o conhecimento científico deve ser compreendido como forma de conhecimento, mas não como o conhecimento por excelência, perguntamos se a literatura também poderia ser concebida como uma forma de conhecimento da realidade, ainda que esta não seja sua função nem mesmo o que a define como literatura. De modo que procuramos aqui problematizar a relação entre literatura, conhecimento e sociedade, a partir do materialismo cultural, tomando como estudo empírico a formação da literatura em Moçambique.

Eliane Veras Soares: é professora do Departamento de Sociologia e do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Federal de Pernambuco. Artigo resultante da segunda fase da pesquisa “Literaturas africanas e leituras brasileiras: estruturas de sentimento entrecruzadas?” As ideias aqui discutidas foram apresentadas no IX Congresso Ibérico de Estudos Africanos com o título “Literatura e (des)construção de identidades: o caso moçambicano” (Coimbra, 2014) e no XXXIX Encontro Anual da Anpocs com o título “Abordagem sociológica a partir da literatura” (Caxambu, 2014).

Aline Adelaide Alves: é mestranda do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Federal de Pernambuco. Desenvolveu o subprojeto “Literatura e nação em Moçambique”, entre agosto de 2013 e julho de 2014, sob orientação da profa. Eliane Veras Soares.

Palavras-chave: literatura, conhecimento, Moçambique, materialismo cultural.

Divulgando: 72 ANOS do AMALÁ DE XANGÔ TERREIRO DE MÃE AMARA

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72 ANOS DO AMALÁ DE XANGÔ DO TERREIRO DE MÃE AMARA

O nosso Terreiro celebra 72 anos de tradição do candomblé na universidade UFPE.

O mungunzá já está no fogo e as comidas sendo preparadas. Na quarta-feira, 21 de junho, começa o SEMINÁRIO OBÁ AGANJÚ OGBÔ AYÊ: FÉ, DEVOÇÃO E TRADIÇÃO: 72 ANOS DO AMALÁ – O BANQUETE DO REI

Serão rodas de conversas, palestras, gastronomia, dança, oficinas, fórum de pesquisas e música. Essas e outras atividades serão realizadas no Centro de Educação e Centro de Artes e Comunicação/ UFPE.

Palestras
Ewe Obá: a folha do rei –Vera Baroni (Ebomi do Ilê Obá Aganjú Okoloyá; Advogada, Especialista em Direitos Humanos)
Obá Ajeum: Amalá de Xangô (comida sagrada) o Banquete do Rei – AnaLuiza Durand (Omorixá do Ilê Obá Aganjú Okoloyá; Graduanda em Ciências Sociais UFPE)

Fórum de apresentação de pesquisas realizadas no Ilê Obá AganjúOkoloyá

Hellaynne Sampaio
Fernanda Meira
Ester Monteiro
Ligia Gama
Irys Oliveira
Pedro Germano
Thiago Sá

O evento começa às 8h da manhã no auditório do Centro de Educação da UFPE.

O período da tarde contará ainda com oficinas
Obá A’Jô – Workshop de Dança com Hellaynne Sampaio
Obá Korin Workshop de Canto com Gabriela Sampaio
Obá N’Ilú – Workshop de Percussão/Illus com Maria Helena Sampaio.

Com o cair do sol, às 16h, será feito o Lançamento da Cartilha de Mãe Amara: “De Xangozinho à Obá Meji: a trajetória da Ialorixá Amara Mendes – Guardiã da Tradição Nagô em Pernambuco”

“Será um momento de falar sobre valorização, respeito a preservação da memória ritual e coletiva do terreiro. Promovendo a valorização e manutenção da tradição existente e a perpetuação do saber ancestral.”. Ressaltou a Filha biologica de mãe amara Maria Helena – Mestra da Cultura Popular reconhecida pelo MinC.

Sobre o Amalá de Xangô
A tradição do Amalá – o banquete – de Xangô é reconhecida pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) como Patrimônio Cultural dos Povos e Comunidades de Matriz Africana
“O Amalá de Xangô é considerado uma celebração específica para o Orixá do Fogo, e a realização da ação assume um caráter festivo, no qual confraternizam a divindade e os filhos da casa.”,

Realizado anualmente pela tradição Nagô de Pernambuco, o terreiro de Mãe Amara, o Ilê Obá Aganjú Okoloyá, localizado no bairro de Dois Irmãos é quem deu inicio a festa.

Tudo começou com uma promessa feita por Mãe Amara ao seu Orixá Patrono Xangô Aganjú. Realizado sempre no mês de junho, em data próxima as festividades de São João, devido ao forte sincretismo do Santo Católico com o Orixá Xangô.

O compromisso votado a Xangô por Mãe Amara inicia com a realização do Amalá no mês de Junho, e a partir de então, todas as primeiras quartas-feiras de cada mês, até o mês de Janeiro do ano seguinte, no qual a última oferenda é feita no dia de Reis (06 de Janeiro).

Mais sobre a nossa tradição:

Um banquete para o rei – A celebração ritual do Amalá de Xangô consiste na oferenda a divindade de duas iguarias de sua predileção que são o Beguiri e o Amalá.

Beguiri: Iguaria elaborada com quiabo, castanha, amendoim, camarão e carne bovina, fartamente regado com azeite de dendê e temperado com pimenta, sal, cebola e cebolinha.

Amalá: consiste numa espécie de papa feita com farinha de mandioca e água.
Ambos são servidos ao Orixá em alta temperatura. Afinal Xangô é o dono do fogo!

Axe e Ancestralidade Nago!
Maria Helena Sampaio

#terreirodemaeamara
#salveonossoaxe
#obaaganjuexango
#IPHAN
#PATRIMONIOVIVO
#AMALADEXANGO2017

Divulgando: 5º Colóquio do Festival da Diáspora Africana em Badagri

Data: 22 a 23 de Agosto de 2017

Local: Administrative Staff College of Nigeria (ASCON), Badagry, Lagos State, Nigéria

Prazo para entrega de resumos: 30 de junho de 2017

Tema: A Diáspora Africana além do Atlântico Negro: as Dinâmicas Culturais e o Devir da África na América Latina e no Caribe

A imagem que se tem da Diáspora Africana geralmente está atrelada aos discursos teóricos e experiências epistêmicas do mundo anglo-saxônico. Essa perspectiva acaba limitando toda apreciação da identidade cultural das populações negras ao cotidiano dos centros metropolitanos da Europa, do Caribe de língua inglesa e dos Estados Unidos, colocando em um segundo plano as experiências dos afro-latino-americanos e caribenhos não-anglo-falantes. Costuma-se, assim, valorizar sobremaneira conceitos teóricos como a chamada “dupla consciência” gilroyiana como marca exclusiva da personalidade afro-diaspórica. Tal discurso muitas vezes ofusca outras expriências mais envolventes de sujeitos negros com uma vivência solidamente fincada na personalidade africana cujas raízes vão muito além da chamada “middle passage” para se consagrar na própria imanência da África Mãe.

De fato, a ontologia cultural e identitária latino-americana oferece um paradigma interessante para se avaliar e apreender a Diáspora Africana contemporânea, pois coloca-se diametral e radicalmente em aposição ao model anglo-saxônico justamente porque, em vez de reduzir as relações entre a África e suas diásporas somente ao cânone gilroyiano,  expande-o ao apresentar uma alternativa ainda mais complexa que problematiza a própria essência da identidade negro-africana. Para o negro latino-americano e caribenho, os discursos epistêmicos em torno das identidades múltiplas que os permite redinamizar sua relação com as matrizes africanas através da sua espiritualidade, visão do mundo, filosofia, ética e estética, que representam hoje alguns dos valores africanos generosamente compartilhados com todos.

Hoje, o mundo está profundamente agradecido às diversas diásporas africanas luso e hispano-falantes da América Latina e do Caribe pelo amplo legado cultural, religioso, literário, musical e estético de matriz africana que foram re-inventados e re-apropriados para o engrandecimento das mais diversas regiões do mundo. Diante importância do legado africano na diáspora latino-americana, bem como da devida valorização da Diáspora pela União Africana que já chegou a reconhece-la como a Sexta Região do Continente, impõem-se aos espíritos críticos algumas perguntas do seguinte teor: como se poderia aprimorar o intercâmbio entre a África e sua Diáspora latino-americana? Como se poderia aproveitar do gênio estético-literário-musical afro-latino-americano que deu ao mundo riquíssimos gêneros tais como o tango argentino, o samba e o maxixe brasileiros, a danza puerto-riquenha, a ranchera mexicana, o son, a rumba e o guarachá cubanos (Peter Wade). Como aproveitar melhor das tradições históricas, dos monumentos culturais, do carnaval e outras dinâmicas afro-latinas que marcaram e continuam marcando o palco cultural e intelectual global desde o século XX? Enfim, como se poderia traduzir a manifesta recepção entusiasmada do novo cinema africano evidenciado no famoso Nollywood nigeriano pelas populações afro-latinas do Brasil, Cuba, Haiti, Venezuela e Colômbia? Ou seja, como se poderia re-calibrar as relações África-Diáspora sem cair nas velhas armadilhas reducionistas que haviam prejudicado tanto tais relações no passado?

Eis algumas das indagações que impulsionaram a criação do Festival da Diáspora Africa comemorado anualmente na cidade histórica de Badagri, Nigéria. Essa terra que foi marcada por ser um dos mais notórios portos de embarque forçado para os africanos escravizados na época do comércio infame hoje procura ressignificar as experiências traumáticas e apontar para outras rotas de produção de saberes e valores, a partir da tomada da Diáspora africana como uma força inconfundível no desenvolvimento global do Terceiro Milênio. Para tanto, o Festival elege a cada edição anual uma figura emblemática da África ou da Diáspora como o homenageado em torno de cuja vida, visão e obra se organiza a celebração do gênio africano.

 

O homenageado do Festival da Diáspora Africana na sua edição de 2017 será o grande Alapinni, Mestre Didi Asipa (1917 – 2014). Nascido em Salvador, Bahia, de seu verdadeiro nome, Deoscóredes Maximiliano dos Santos, filho da ialorixá Maria Bibiana do Espírito Santo (Mãe Senhora), uma das maiores mães-de-santo brasileiras do século passado, Mestre Didi conseguiu, ao longo de uma vida centenária aprofundar a matriz do saber africano na construção da identidade cultural e da proclamação e defesa da cidadania afro-brasileira. Na sua múltipla expressão do gênio afro-brasileiro através de suas manifestações na vida literária, estética, religiosa e educacional, Mestre Didi deixou um legado inesquecível não somente em solo brasileiro como também em terras africanas que chegou a frequentar e conhecer de modo íntimo ao percorrer entre 1966 e 1978 as regiões de Ketu, Oyo e Ibadan entre tantas outras onde lançou as pedras fundacionais do fecundo diálogo entre o Afro-Brasil e a África-Mãe de matriz iorubana. Cantor, compositor, escritor, historiador, escultor, educador, líder comunitário e religioso, Mestre Didi marcou a sua geração nos dois lados do Atlântico iorubano ao re-inventar o gênero literário dos àló àpagbè (contos cantados iorubá-africanos) em solo brasileiro, gênero esse que viria a impulsionar não somente aquilo que hoje se conhece como literatura negra mas também o próprio cinema identitário afro-brasileiro contemporâneo.

É, portanto, em torno desse grande gênio afro-brasileiro do século XXI que se organiza o 5º Colóquio Internacional do Festival da Diáspora Africana de 2017.  O Colóquio espera reunir intelectuais, estudiosos e religiosos das tradições afro-latino-americanas como o Candomblé e a Umbanda brasileiros, a santería cubana, e toda a gama de seus derivados no cenário globalizado. De modo significativo, o Colóquio pretende rememorar as grandes manifestações da intelligentsianegro-africana como o emblemático FESTAC ‘77 que conseguiu convocar, há exatamente 40 anos, uma impressionante assembleia do gênio artísitco, intelectual e cultural da África e da Diáspora. O Colóquio estará aberto à participação de todos aqueles interessados em dialogar sobre o futuro literário, econômico, político e cultural da África e da Diáspora. As mesas do Colóquio serão organizadas em torno dos seguintes eixos temáticos principais:

 

História, cultura e tradições religiosas da África e da Diáspora

O tempo, a vida e as obras literária, artística e espiritual de Mestre Didi Asipa

O Atlântico Negro e a problematização do conceito da dupla consciência

As particularidades das diversas diásporas africanas

O Diálogo África-Diaspora e as zonas fronteiriças

A Diáspora Latino-Americana e o desenvolvimento do Continente africano

Transnacionalismo e o desenvolvimento da África e da Diáspora

A visão do mundo africana e a construção da identidade e da cidadania na América Latina contemporânea

O Diálogo intra- e inter-hemisférico entre as diversas diásporas

As famílias Agudás, Amaros e Tá-bom e o desenvolvimento da África e da Diáspora

 

As comunicações podem ser apresentadas em qualquer uma das seguintes línguas do Colóquio: inglês, português, francês e espanhol.

Os interessados em apresentar trabalho no Colóquio devem enviar um resumo (formato: WORD; Times New Roman ou Arial; tamanho 12; espaço simples; mínimo 1000, máximo de 3000 caracteres – sem espaço) para qualquer um dos seguintes membros da comissão científica:

  1. Senayon Olaoluwa – samsenayon@gmail.com,
  2. Sola Olorunyomi – whereissola@yahoo.com,
  3. Felix Ayoh’OMIDIRE  –  feliomidire@gmail.com,

O prazo para entrega de resumos é 30 de junho de 2017.

Divulgando: (RE)PENSAR A ÁFRICA NA CONTEMPORANEIDADE

(RE)PENSAR A ÁFRICA NA CONTEMPORANEIDADE
08 DE JUNHO DE 2017
AUDITÓRIO JERÔNIMO LEMOS DE FREITAS, 5º ANDAR-CFCH/UFPE (sala 509)

Evento de inauguração da disciplina Geografia Africana: Reflexões sobre os desafios para a implementação da Lei 10.639/03, que visa sobre a obrigatoriedade do ensino da “História e Cultura Afro-Brasileira”, estabelecendo diretrizes e bases a serem observadas pelos diferentes níveis de ensino. Além disso, traremos contribuições acadêmicas de Pesquisadoras(es) Geógrafas(os) que desenvolvem pesquisas sobre o Continente Africano e as Afro-brasilidades.

 

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