Transversalidade no Centro de Estudos Africanos em Moçambique, 1976-1986: a construção de uma nova visão nas ciências sociais – Colin Darch

Transversalidade no Centro de Estudos Africanos em Moçambique 1976-1986: a construção de uma nova visão nas ciências sociais

Resumo: Neste artigo reflito sobre um estudo de caso que aproveita dos conceitos antropológicos de transversalidade e olhar cruzado. Interrogo minha própria experiência de trabalho num centro de pesquisa em Moçambique na década de 1980, em meio a um conflito armado pós-independência, desencadeado por rebeldes e apoiado pelo regime sul-africano de apartheid. Anglófono, com experiência de trabalho em diversos países africanos, cheguei a Moçambique em 1979 incapaz de falar português ou distinguir na vida quotidiana as características locais daqueles herdados do poder colonial, uma vez que ambos me eram alheios. Além disso, a pesquisa e as práticas pedagógicas utilizadas no Centro de Estudos Africanos eram inovadoras e fora da prática normal acadêmica da época. Desta experiência, tiro três conclusões: que é necessário abordar uma nova cultura e uma nova linguagem tão livre quanto possível das expectativas anteriores, como os antropólogos costumam fazer; que, pelo menos na África, estamos agora, quarenta anos mais tarde, vivendo numa época em que o fluxo aberto de informações e experiências está cada vez mais ameaçado e, assim também, a possibilidade de transversalidades; e que, embora vivamos em circunstâncias e condições materiais que estão fora do nosso controle, como Marx aponta, fazemos nossas próprias escolhas sobre nossas próprias trajetórias.
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Colin Darch, atualmente aposentado, é investigador emeritus na University of Cape Town
Honorary Research Fellow do Human Sciences Research Council da África do Sul. Em 2016, foi professor visitante na UFPE e, em 2017, professor visitante na Universidade Pedagógica em Maputo, Moçambique. Doutorado em história, é webmaster do site Mozambique History Net, e autor de diversos trabalhos sobre Moçambique contemporâneo. O seu livro O continente demasiado grande foi publicado pela UFPE no Recife em 2016.
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Palavras-chave:  Moçambique, Centros de pesquisa, experiências interculturais, Centro de Estudos Africanos (Maputo), África do Sul, documentação, Aquino de Bragança, Ruth First

Divulgando: Lançamento online do primeiro número da Sintidus – Revista de Estudos Científicos e Interdisciplinares da Universidade Lusófona da Guiné

“A Sintidus é uma revista científica e interdisciplinar que pretende divulgar estudos que se debrucem sobre a Guiné-Bissau ou sobre as conexões históricas e contemporâneas construídas entre o espaço guineense e os lugares materiais e imateriais que configuram o mundo. O nome Sintidus, forma pluralizada do termo sintidu, em Kriol da Guiné, é um termo multidimensional cuja acepção alude à pluralidade de consciências, significados e direções. É nessa multidimensionalidade que reside a resiliência, complexidade e pluralidade das geografias físicas, sociais e políticas da Guiné-Bissau e é aí que a Sintidus se pretende situar. A revista Sintidus foi fundada a 22 de Novembro de 2016 na Universidade Lusófona da Guiné em Bissau e bocadu n’bocadu dialogará, pela escrita, diversos pensamentos, argumentos e experiências de arquivo, laboratório ou campo.”

A Sintidus é uma revista de acesso livre e os artigos podem ser lidos ou descarregados em:
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