“Livro destaca o papel das tinyanga em defesa de seu legado cultural e na assistência de saúde física, espiritual e afetiva de moçambicanos.
‘Médicas-sacerdotisas é o título que acabou sendo dado ao livro de Jacimara Souza Santana, segundo ela, por despertar facilmente a compreensão de que grupo social está tratando: pessoas que prestam assistência de saúde e ao mesmo tempo sacerdotal, muito embora sua atuação envolva outras ações de ordem social, jurídica, política e mesmo econômica. ‘São lideranças de associações religiosas ancestrais, cuja formação oral é passada de geração a geração. Pessoas que possuem o conhecimento da fitoterapia, visão de fatos passados ou futuros da vida, que intermediam a comunicação entre o mundo dos vivos e dos mortos, enfim, que promovem o bem-estar dos indivíduos. Na língua banto, o Changana, de franco uso entre os povos do sul de Moçambique, essas pessoas são conhecidas por tinyanga (no plural) e nyanga (singular) – termos que incluem tanto mulheres quanto homens’, explica a autora da obra lançada dentro da coleção Várias Histórias, publicada pelo Centro de Pesquisa em História Social da Cultura (Cecult) em parceria com a Editora da Unicamp.
Médicas-sacerdotisas: religiosidades ancestrais e contestação ao sul de Moçambique (c. 1927-1988) é fruto da tese de doutorado em história defendida por Jacimara Santana e orientada pelo professor Robert Slenes, no Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH). Atualmente, ela é professora de história da África na Universidade do Estado da Bahia (UNEB) e presidenta eleita em 2018 da Associação Brasileira de Estudos Africanos no Brasil (ABE-África). ‘Para entender melhor, no contexto brasileiro, podemos comparar nyanga ao vulgo mães ou pais de santo – que na religião são conhecidos por mameto, gayaku, yalorixás, babalorixás ou tatas. A palavra africana nyanga – e seus equivalentes nganga ou nhãnga – atravessou o Atlântico e o Índico junto com as populações negras migradas forçosamente na condição de escravos'”.
Veja a matéria completa em: https://www.unicamp.br/unicamp/ju/noticias/2019/04/01/medicas-sacerdotisas-gestoras-dos-momentos-caoticos-da-vida